O Botafogo tornou público o balanço financeiro referente ao exercício de 2024, quase quatro meses depois do prazo estipulado pela Lei Geral do Esporte. O documento revela prejuízo de R$ 299,98 milhões, contra R$ 56,03 milhões em 2023.
Pela legislação, clubes brasileiros devem apresentar o relatório até 30 de abril. O descumprimento pode tornar o presidente inelegível por cinco anos para cargos ligados ao esporte e ainda ferir regras do Profut, programa federal de refinanciamento de dívidas.
Dívida bruta encolhe
Mesmo com o déficit, a dívida bruta caiu de R$ 377,6 milhões para R$ 48,1 milhões. O clube consta com R$ 129 milhões em caixa, valor bem superior aos R$ 16 milhões informados no balanço anterior. Desde 2022, a SAF alvinegra abateu R$ 474 milhões do passivo do clube social, sendo R$ 314 milhões obtidos em descontos e R$ 160 milhões pagos.
Receita histórica de R$ 700 milhões
O faturamento de 2024 chegou a R$ 700 milhões, impulsionado pelos títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores. As receitas de patrocínio e marketing subiram de R$ 16,5 milhões (2022) para R$ 56 milhões (2024). O programa de sócio-torcedor avançou 476% no mesmo intervalo, passando de R$ 8,4 milhões para R$ 48,6 milhões. A previsão para 2025 é de crescimento superior a 60%, sustentada por novos contratos com Brax e VBet.
Na abertura do relatório, John Textor, sócio da Eagle Football — detentora de 90% da SAF —, destacou o desempenho financeiro: “Registramos faturamento superior a R$ 700 milhões, o maior de nossa história, e elevamos o valor de mercado do elenco para R$ 950 milhões”. A publicação ocorre em meio a impasse jurídico entre Eagle Football e o próprio Textor.
Investimento em contratações
O clube gastou R$ 534,6 milhões na compra de jogadores em 2024. Descontadas as vendas de cerca de R$ 94 milhões, a valorização líquida do elenco ficou em R$ 440 milhões. As aquisições envolveram, entre outros, Luiz Henrique, Igor Jesus, Thiago Almada e Savarino — apenas o venezuelano permanece no plantel.
Operações com o Lyon
O balanço confirma transações com o Lyon, também controlado pela Eagle Football, incluindo repasses de direitos econômicos e intercâmbio técnico. O documento nega dependência financeira entre os dois clubes, apesar de o Botafogo cobrar valores referentes a negociações envolvendo Luiz Henrique, Igor Jesus, Jair, Thiago Almada e Jefferson Savarino.
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Os franceses não concretizaram as compras devido a sanção da Direção Nacional de Controle de Gestão (DNCG) que impede o registro de novos atletas. Em comunicado, o Botafogo afirmou entender a necessidade de apoio interno do grupo, mas ressalta que tais investimentos seriam dispensáveis se o Lyon quitasse os reembolsos.
Crédito a receber da Eagle
O relatório indica que o clube tem R$ 558,7 milhões a receber da Eagle Football, quantia que representa a maior parte do ativo financeiro total, avaliado em R$ 808,3 milhões.
O balanço foi divulgado na noite de sexta-feira (8) e fecha o terceiro ano de operação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo.
Com informações de UOL