Mais de 8 mil quilômetros separam Wrexham, no País de Gales, de Aguascalientes, no México. É nessa distância que os atores Rob McElhenney, Ryan Reynolds e Eva Longoria pretendem replicar a receita que devolveu projeção internacional ao clube galês – agora no centenário Necaxa, da Liga MX.
O trio integra o grupo NX Football USA LLC, que em 2021 comprou 50% do Necaxa. Longoria esteve na operação desde o início. McElhenney e Reynolds chegaram em 2024, depois de conduzirem o Wrexham da 5ª para a 3ª divisão inglesa e transformarem a campanha em série de streaming. A ideia é idêntica: impulsionar o time mexicano dentro de campo e, fora dele, contar a história na docussérie “Necaxa”.
Clube tradicional, jejum de quase 30 anos
Fundado há 102 anos, o Necaxa viveu seus dias de glória nos anos 1990, mas não levanta o troféu nacional desde então. Entre 2021 e 2023, apareceu duas vezes no mata-mata, eliminado na repescagem em ambas. Na última temporada regular, terminou em 5º e parou nas quartas de final. No atual Apertura, soma uma vitória, dois empates e três derrotas, além da queda na fase de grupos da Leagues Cup.
Por que o Necaxa?
Segundo Sam Porter, copresidente do clube, a escolha passou pelo tamanho de Aguascalientes e pela estrutura já existente. Para o executivo, a Liga MX ainda é subavaliada se comparada ao potencial de público no México e nos Estados Unidos. Ele cita, inclusive, a expectativa de um acordo centralizado de direitos de TV em 2028 – algo inédito no campeonato.
Estratégia nos bastidores
McElhenney afirma que ele e Reynolds não interferem em decisões técnicas. O foco da dupla está em marketing e narrativa, enquanto especialistas mexicanos cuidam do futebol. Longoria, por sua vez, enxerga a participação como forma de exibir a cultura mexicana em escala global. Ela vive atualmente na Cidade do México e grava a série que acompanha o cotidiano do clube.
Além dos três artistas, o quadro societário reúne nomes como Mesut Özil, Kate Upton, Odell Beckham Jr., Justin Verlander, Victor Oladipo, Bode Miller, Richard Hamilton e Shawn Marion.

Imagem: espn.com
Desafios esportivos
Manter talentos é uma das prioridades. Porter lembra a venda do meio-campista Alejandro Zendejas ao América, em 2022, como exemplo da dificuldade em segurar jogadores diante do poder financeiro de rivais. A expectativa é que maior visibilidade – e receitas – ajudem a reter peças-chave.
Promoção e rebaixamento em debate
A Liga MX estuda reativar o sistema de acesso e descenso suspenso em 2020. Para McElhenney, o formato aumenta a emoção, mas também eleva o risco de desvalorização do clube. A experiência em Wrexham, promovido duas vezes desde 2021, serve de parâmetro.
No curto prazo, a meta é traduzir em resultados o investimento de Hollywood e, ao mesmo tempo, conquistar audiência internacional com a nova série. “É muito importante”, resume McElhenney, em espanhol, sobre o compromisso com o projeto mexicano.
Com informações de ESPN