Alessandro Galleni, diretor de estratégia do Genoa desde novembro de 2022, listou sete pontos que, segundo ele, explicam como funcionam as negociações de jogadores no futebol atual. A entrevista foi concedida em 27 de agosto de 2025.
1. Não existe “preço de mercado” fixo
Galleni lembra que idade, posição, duração de contrato, salários, urgência de compra ou de venda e estágio de desenvolvimento influenciam o valor. Ele cita o atacante Mateo Retegui: adquirido do Boca Juniors por € 12 milhões em 2023-24, vendido ao Atalanta por € 22 milhões mais € 3 milhões em bônus na temporada seguinte e, em 2025, transferido ao Al-Qadsiah por € 60 milhões, com outros € 7 milhões em possíveis acréscimos. “O preço mudou muito mais pelos contextos de cada clube do que pela evolução técnica em apenas dois anos”, resume.
2. Intermediários são úteis fora do mercado doméstico
No futebol italiano, o Genoa tenta negociar diretamente com outros clubes. Já em transações internacionais, recorre a agentes que conhecem bem ligas específicas. “Se preciso emprestar um atacante do sub-19, não sei de imediato quem, na Áustria ou na Ligue 2, busca esse perfil. O intermediário ajuda”, explica.
3. Clube pensa no médio e longo prazo; técnico, no curto
Segundo Galleni, o treinador pode sair rapidamente – seja por resultados ruins, seja por convite de equipes maiores. Por isso, o planejamento de elenco precisa ir além do ciclo do comandante. Na última temporada, o Genoa foi o sexto entre os clubes das cinco grandes ligas europeias em minutos para atletas sub-18, estratégia que une competitividade e potencial de revenda.
4. Perfil primeiro, nome depois
O responsável pela equipe define características desejadas, e a diretoria apresenta alternativas que se encaixem nelas. “O técnico não pode se apaixonar por um único jogador. Várias opções atendem ao mesmo perfil”, diz o dirigente, ressaltando que a palavra final é do diretor esportivo, Marco Ottolini, e do departamento de scout.
5. Desenvolvimento e “pathway” são vitais
O clube inaugurou o centro de formação Badia di Sant’Andrea para acelerar a transição da base. Exemplo interno: Honest Ahanor, zagueiro que treinou com profissionais aos 16 anos, jogou mais pelo time de juniores e acumulou minutos no fim da temporada antes de ser vendido ao Atalanta por até € 20 milhões. Já o meia Sebastian Otoa, contratado do AaB aos 20 anos em janeiro, ficou sem atuar até abril, participou de três partidas e agora é esperado como peça do elenco principal.

Imagem: espn.com
6. Dados auxiliam, mas DNA pesa
Galleni defende recrutamento “guiado por dados, não dominado por eles”. A torcida rossoblù exige intensidade e atitude combativa; quem não lida bem com pressão dificilmente se adapta. O zagueiro mexicano Johan Vásquez, um dos capitães, é citado como exemplo de liderança que combina estatísticas e perfil emocional compatível.
7. Equilibrar mercados consolidados e alternativos
Procurar talentos em regiões tradicionais significa disputar com mais rivais. Por isso, o Genoa explora mercados menos visados que se encaixam em seu estilo, como o nórdico. A lista recente inclui Morten Frendrup, Mikael Ellertsson e Morten Thorsby.
As sete lições reforçam a busca do clube mais antigo da Itália por competitividade e sustentabilidade financeira em meio a adversários com orçamento superior.
Com informações de ESPN