Liverpool (ING), 7 de novembro de 2025 – Depois de um início promissor, uma sequência negativa inédita e duas atuações contundentes, o Liverpool vive um enigma sobre qual versão realmente representa a equipe na temporada 2025-26.
Favoritismo sob dúvidas
Apontado como leve favorito ao título da Premier League, o time comandado por Arne Slot iniciou a campanha com cinco vitórias e abriu cinco pontos de vantagem, igualando o maior distanciamento já registrado após cinco rodadas. Em seguida, porém, sofreu quatro derrotas consecutivas – algo que não acontecia havia quatro anos – e caiu para sete pontos atrás do líder Arsenal.
Choque de realidade após grande reformulação
A mudança no elenco foi profunda. Deixaram Anfield:
- Trent Alexander-Arnold (69,2% dos minutos em 2024-25) – vendido ao Real Madrid;
- Luis Díaz (70,1%) – negociado com o Bayern;
- Darwin Núñez (33,1%) – transferido para a Arábia Saudita;
- Diogo Jota (35,0%) – falecido, perda que abalou o grupo;
- Harvey Elliott, Kostas Tsimikas, Jarell Quansah e Caoimhín Kelleher – juntos, mais de 75% dos minutos somados.
Chegaram, entre outros:
- Florian Wirtz (67,4%), contratado por valor recorde;
- Alexander Isak (27,9%) – nova quebra de recorde na mesma janela;
- Hugo Ekitike (64,1%);
- Jeremie Frimpong (9,6%);
- Milos Kerkez (73,3%);
- O goleiro Giorgi Mamardashvili (40,0%);
- O zagueiro Giovanni Leoni (ainda sem atuar).
Queda de produção em campo
Segundo o índice de diferença de gols ajustada (70% xG + 30% gols), o Liverpool hoje está em um bloco intermediário, ao lado de Crystal Palace, Chelsea e Brighton. Os números comparativos mostram:
- Gols ajustados a favor: 2,22 em 2024-25; 1,75 em 2025-26;
- Gols ajustados contra: 1,04 em 2024-25; 1,29 em 2025-26.
Excluindo as quatro últimas rodadas da temporada passada, disputadas já com o título garantido, a defesa de então cedia apenas 0,88 gol ajustado por partida.
Impacto das mudanças táticas
A reformulação provocou alterações em toda a estrutura de jogo: saída de Alexander-Arnold, uso frequente de Kerkez e Bradley nas laterais, meio-campo sem a presença constante de Alexis Mac Allister, Curtis Jones ou Ryan Gravenberch, e Cody Gakpo transformado de reserva em titular absoluto pela esquerda. Ao mesmo tempo, o time passou a sofrer 62 lançamentos longos por 90 minutos – 15 a mais que na temporada anterior, maior marca da liga nos últimos quatro anos.
Imagem: espn.com
Duas vitórias e sinais de recuperação
Nas últimas partidas, Slot recorreu a uma formação mais próxima da que conquistou o título em 2024-25. Com Andrew Robertson e Conor Bradley nas laterais, meio-campo formado por Szoboszlai, Mac Allister e Gravenberch, além de Wirtz adiantado e Gakpo com participação reduzida, vieram as vitórias por 2 a 0 sobre o Aston Villa e 1 a 0 diante de um Real Madrid quase completo.
O ajuste devolveu equilíbrio: contra os espanhóis, Wirtz não finalizou, mas criou cinco chances em um jogo em que o Liverpool chutou 17 vezes. Mohamed Salah, por sua vez, tentou 18 dribles e completou 10 nos confrontos recentes, superando o desempenho acumulado nas 11 partidas anteriores de Premier League e Champions League.
Próximos capítulos
Mesmo com os resultados positivos, questões permanecem: dependência de Gravenberch para o balanço do meio, histórico de lesões de Bradley, competição entre Isak e Ekitike por uma vaga no ataque e vulnerabilidade a bolas longas. O teste imediato será contra o Manchester City, adversário que tradicionalmente valoriza a posse e deve desafiar a solidez recém-encontrada.
Resta saber se as duas últimas atuações representam a virada definitiva ou apenas um respiro em meio a uma temporada marcada por perda humana, grandes investimentos e necessidade de conciliar gerações distintas do elenco.
Com informações de ESPN
