A atacante Christina Burkenroad, 32 anos, vive hoje o auge da carreira no Monterrey, onde já levantou três troféus da Liga MX Femenil e ultrapassou a marca de 100 gols. A trajetória de sucesso contrasta com a adolescência marcada por falta de moradia, consumo de álcool e pequenos furtos em San Diego, nos Estados Unidos.
Infância instável e o início no esporte
Filha de mexicano com norte-americana, Burkenroad perdeu a mãe aos 4 anos, vítima de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Anos depois, passou a viver em quartos de hotéis, sofás de conhecidos e, por fim, em um SUV estacionado à beira-mar com o pai, que enfrentava problemas de saúde mental e desemprego. O futebol, conta a jogadora, era o único ponto de equilíbrio em meio ao caos.
A virada no ensino médio
Mesmo sem experiência em clubes de base, ela entrou no time titular do Mission Bay High School logo como caloura e encerrou o ciclo escolar com 93 gols e dois prêmios de melhor atleta da liga. Durante o período, a empresária Stacey Haerr — descrita por Burkenroad como “anjo na Terra” — abriu as portas de casa quando soube que a jovem estava sem abrigo, garantindo cama, roupas e alimentação.
Bolsista e recordista na universidade
Aos 18 anos, a atacante ganhou bolsa em Cal State Fullerton. Na temporada 2015, foi escolhida para a seleção All-West Region, tornou-se bicampeã do torneio da conferência Big West e marcou o primeiro hat-trick da história da instituição em mata-matas da liga.
Giro internacional até chegar ao México
Selecionada pelo Orlando Pride no Draft de 2016 da NWSL, Burkenroad pediu transferência no ano seguinte para buscar mais minutos e passou por IK Grand Bodø (Noruega) e AC Praga (Tchéquia), onde disputou a Liga dos Campeões. Quando a pandemia cancelou a temporada europeia de 2020, uma mensagem no Instagram — enviada por quem viria a ser seu agente — abriu caminho para o Monterrey.
Consolidação nos Rayadas
No clube mexicano desde 2020, Burkenroad adaptou o estilo de “corredora” à função de centroavante mais técnica exigida na Liga MX Femenil. A mudança rendeu três títulos nacionais. Na última rodada da fase regular de 2025, ela balançou a rede duas vezes e decidiu o jogo aos 98 minutos, garantindo embalo para o mata-mata iniciado esta semana.
Imagem: espn.com
Seleção e reconexão familiar
Natural de San Diego, a jogadora realizou o sonho de defender a seleção mexicana e disputa espaço para as próximas Eliminatórias de Copa do Mundo. Fora de campo, reconstruiu laços com o pai, agora em melhor condição, e manteve relação de “filha escolhida” com Stacey Haerr. No último Dia de los Muertos, montou pela primeira vez um altar com foto da mãe em destaque.
Hoje, a atleta diz aproveitar uma rotina sem sobressaltos: treinos, descanso e a vida ao lado da companheira. “É a tranquilidade que a menina dormindo naquele carro sempre desejou”, resume.
Com informações de ESPN
