A Major League Soccer (MLS) confirmou que, a partir de 2027, passará a seguir um calendário de verão a primavera, aproximando-se do modelo utilizado pela maioria das ligas europeias. A temporada começará em meados de julho, terá decisão da última rodada (“Decision Day”) em abril do ano seguinte e encerrará com os playoffs e a final em maio.
Novo formato inclui intervalo no inverno
O plano prevê uma pausa entre meados de dezembro e início ou meados de fevereiro, à semelhança do recesso adotado pela Bundesliga. Mesmo assim, algumas partidas ainda ocorrerão no frio de dezembro e no início de fevereiro, o que gera preocupação com deslocamentos e condições de jogo em cidades do norte dos Estados Unidos e do Canadá.
Objetivo é facilitar negociações no mercado global
A mudança de calendário vem sendo discutida há cerca de duas décadas e agrada a departamentos técnicos que consideram o atual cronograma um obstáculo nas janelas de transferências. Hoje, a janela principal da MLS vai de janeiro a abril, período em que clubes europeus evitam liberar atletas por estarem na reta final de suas competições. No meio do ano, quando a Europa negocia mais, as equipes da MLS relutam em vender jogadores em pleno momento decisivo rumo aos playoffs.
“Se conseguirmos alterar o calendário, poderemos atuar de forma muito mais agressiva nas janelas de transferências, tanto de entrada quanto de saída”, declarou Jorge Mas, coproprietário do Inter Miami CF, em junho.
Gastando mais e batendo recordes
Mesmo sem o alinhamento completo, a liga já se tornou participante relevante no mercado: em 2025, os clubes desembolsaram cerca de US$ 336 milhões em contratações, 75% a mais que os US$ 188 milhões de 2024. O recorde de transferência interna foi quebrado três vezes em 12 meses: o FC Cincinnati pagou US$ 16 milhões por Kévin Denkey, o Atlanta United investiu US$ 22 milhões em Emmanuel Latte Lath, e o LAFC desembolsou US$ 26,5 milhões para contar com o sul-coreano Son Heung-Min.
Pontos de debate
Entre executivos consultados, alguns destacam que o novo calendário aumentará a exposição da liga em competições internacionais disputadas no verão e reduzirá a concorrência direta com o futebol americano nos playoffs. Por outro lado, a menor sincronia com campeonatos sul-americanos — origem de 28% dos atletas da MLS, segundo o Institute for Immigration Research — é vista como desvantagem.
Imagem: the international break that sees Lionel via espn.com
Questões climáticas também geram apreensão. Clubes como Toronto FC e CF Montréal podem ter partidas concentradas nos meses mais quentes ou precisar de locais alternativos, já que o Stade Saputo, em Montréal, não possui aquecimento sob o gramado. Uma fonte avaliou que a mudança “beneficia o sul e prejudica o norte”, pois equipes de regiões quentes deixariam de jogar sob altas temperaturas e ainda evitariam investimentos em infraestrutura cara para o inverno.
Negociação com o sindicato dos jogadores
A MLS discute o tema com a Associação de Jogadores (MLSPA) há quase um ano, mas não há acordo. O sindicato questiona a falta de definição de datas e a duração da offseason, que pode afetar a movimentação de atletas na agência livre. As negociações ocorrem após disputas duras no acordo coletivo de 2021 e sobre bônus do Mundial de Clubes da FIFA.
A liga, contudo, mantém o plano de implementar o novo calendário em 2027, apostando que a adequação às janelas europeias impulsionará investimentos, ampliará receitas e ajudará a manter o interesse do público após a Copa do Mundo de 2026 e eventual saída de Lionel Messi, cujo contrato com o Inter Miami vai até 2028.
Com informações de ESPN