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Seleção do Haiti segue nas Eliminatórias sem poder atuar em casa

Willemstad (Curaçao), 13 de novembro de 2025 – A seleção haitiana disputará nesta terça-feira, diante da Nicarágua, o último compromisso de sua campanha nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 longe de seu próprio país. Sem estádio homologado e em meio à escalada de violência que domina o Haiti, a equipe adotou o estádio Ergilio Hato, em Willemstad, capital de Curaçao, como sede provisória.

Estádio nacional tomado por gangs

O Haiti perdeu o controle de seu tradicional estádio, o Stade Sylvio Cator, em março de 2024. Na ocasião, a Federação Haitiana de Futebol comunicou que o local foi invadido por grupos armados e sofreu atos de vandalismo. Desde então, nenhum evento esportivo foi realizado ali, e não há previsão de retorno.

A crise de segurança se intensificou após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021. Relatório de julho de 2025 do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos aponta que 85% de Porto Príncipe está sob controle de gangues e mais de 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas.

Campanha fora de casa

Com cinco pontos conquistados, os haitianos precisam terminar em segundo lugar no grupo e somar mais pontos que pelo menos um dos demais vice-líderes das outras chaves para chegar ao Mundial em Canadá-México-Estados Unidos. Dois triunfos – contra Costa Rica, na última quinta-feira, e contra Nicarágua, na próxima terça – levariam a equipe a 11 pontos, marca considerada mínima para avançar.

Condições adversas

Antes de jogar em Willemstad, o Haiti encarou condições extremas como visitante. Na goleada por 3 a 0 sobre a Nicarágua, em outubro, a chuva e a queda de energia em Manágua marcaram a partida. “A água caía de lado, o público enlouquecia a cada relâmpago; em certos momentos eu nem via para onde o goleiro chutava”, recordou o defensor Duke Lacroix, que deu assistência para o terceiro gol.

Prejuízos esportivos e financeiros

Além de perder o apoio da torcida, a impossibilidade de atuar no país gera impacto no caixa da federação. “Somos obrigados a jogar fora e isso resulta em perda significativa de receita”, explicou Marie Elise Obas, secretária-geral da Ligue Haïtienne de Football. A dificuldade se estende à busca por patrocinadores, já que diversas empresas também sofrem com a instabilidade interna.

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Imagem: espn.com

Sonho de transformação

Cerca de uma dúzia de jogadores do elenco atual, formados no exterior, jamais atuou diante de torcedores haitianos. “Todos dizem que jogar em Porto Príncipe faz diferença enorme. Não podemos usar isso como desculpa, mas sentimos falta”, afirmou o zagueiro Garven Metusala, nascido em Quebec.

Apesar dos obstáculos, o grupo acredita que a classificação poderia inspirar o país. “Se chegarmos à Copa, podemos levar esperança ao povo”, disse o atacante Don Deedson Louicius, do FC Dallas, que ainda tem familiares na capital haitiana. A lembrança de discursos como o de Didier Drogba, que pediu paz à Costa do Marfim em 2005, serve de motivação.

Entretanto, para dar esse passo, a equipe precisa primeiro superar a falta de jogos em casa e garantir dois resultados positivos em Willemstad – a mais de 800 quilômetros de Porto Príncipe – para manter vivo o sonho de retornar ao cenário mundial pela primeira vez desde 1974.

Com informações de ESPN

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