A partir da próxima temporada, os clubes da Premier League não poderão mais negociar ativos – como equipes femininas ou hotéis – com empresas do mesmo grupo empresarial como forma de cumprir exigências financeiras. A decisão foi tomada em assembleia realizada nesta sexta-feira (8) em Londres, quando as agremiações aprovaram, por 14 votos a 6, o novo modelo de Fair Play Financeiro baseado no Squad Cost Ratio (SCR).
O SCR limita os gastos com elenco – salários de jogadores e comissão técnica, valores de transferências e comissões a agentes – a 85% da receita do clube a partir da temporada 2026/27. As equipes que disputarem competições europeias terão de respeitar o teto de 70% imposto pela Uefa.
Fechamento de brecha
A proibição responde a manobras recentes usadas por alguns clubes para se manter dentro das antigas regras de Lucro e Sustentabilidade (PSR). Em abril de 2024, o Chelsea vendeu dois hotéis vizinhos ao Stamford Bridge a uma empresa coligada por £ 76,5 milhões. Poucos meses depois, o Everton transferiu sua equipe feminina para a controladora do grupo, e o Aston Villa tem acordo semelhante em andamento.
Novos parâmetros
Com a mudança, apenas receitas de operações ligadas diretamente ao futebol serão consideradas na avaliação financeira. O regulamento prevê ainda:
- Green Threshold: gastos de até 85% resultam, no máximo, em multa;
- Allowance: margem adicional de 30% sobre a receita, válida de forma contínua, permitindo investimento antecipado;
- Red Threshold: ao ultrapassar 115% (85% + 30%), o clube recebe dedução automática de seis pontos, acrescidos de um ponto a cada £ 6,5 milhões excedentes.
A aferição ocorrerá todo mês de março, e o uso da margem reduz o teto disponível nas temporadas seguintes.
Outras propostas
As regras de sustentabilidade, que exigem projeções financeiras de médio e longo prazo, foram aprovadas por unanimidade. Já o sistema de anchoring, que colocaria um teto proporcional à receita do clube de pior faturamento da liga, não obteve apoio: foram 12 votos contrários, sete favoráveis e uma abstenção.
Imagem: bbc.com
Votos e interesses
Bournemouth, Brentford, Brighton, Crystal Palace, Fulham e Leeds rejeitaram o SCR, alegando que a vinculação da folha salarial à receita pode prejudicar clubes com menor capacidade comercial. Por outro lado, equipes com grandes arrecadações, como Manchester United e Manchester City, temiam que o anchoring limitasse seu potencial de investimento futuro.
Apesar das restrições, há flexibilização em relação às punições previstas pela Uefa: o limite mais alto na liga inglesa busca preservar o equilíbrio competitivo doméstico, permitindo certa margem de manobra para gastos acima de 85% sem perda imediata de pontos.
Com informações de BBC Sport
