Enquanto Los Angeles, Miami e Nova York mantêm vantagem natural na hora de contratar ídolos globais, equipes de mercados médios e pequenos da Major League Soccer têm recorrido a argumentos que vão do projeto esportivo à infraestrutura de ponta para atrair grandes nomes. A tática já convenceu Thomas Müller a fechar com o Vancouver Whitecaps e por pouco não levou Cristiano Ronaldo ao Sporting Kansas City em 2023.
Projeto esportivo é a primeira carta
Segundo o diretor esportivo do Vancouver Whitecaps, Axel Schuster, mais de 80% da negociação com Thomas Müller concentrou-se em questões táticas. “Foram 45 minutos de conversa puramente sobre futebol”, revelou. O clube canadense ainda explorou a qualidade de vida da cidade, destacando “montanhas e praias do Pacífico” e rankings que colocam Vancouver entre as mais habitáveis do mundo.
Infraestrutura milionária e clima favorável
No extremo sul da costa do Pacífico, o recém-chegado San Diego FC exibe um centro de treinamento de US$ 150 milhões cercado por palmeiras. “Os jogadores chegam e se impressionam com o céu azul e os gramados impecáveis”, afirmou o diretor esportivo Tyler Heaps. A proximidade com o México foi decisiva para contratar Hirving Lozano, enquanto o dinamarquês Anders Dreyer valorizou a possibilidade de uma vida mais discreta fora de campo.
Facilidade de conexão com a Europa
Localizado na Carolina do Norte, o Charlotte FC destaca o aeroporto local — segundo maior hub da American Airlines — com voos diretos para Londres, Paris, Milão e Madri. “Os atletas ainda se surpreendem com o tamanho do terminal”, disse o gerente geral Zoran Krneta.
O “quase” de Cristiano em Kansas City
Em 2023, o Sporting Kansas City abriu negociações com Cristiano Ronaldo, cinco vezes vencedor da Bola de Ouro. O então técnico Peter Vermes contou que, além do estilo de jogo e da estrutura do clube, discutiu-se venda de camisas e acordos de patrocínio. “É uma cidade pequena, mas a vida fora do futebol é tranquila e respeitosa”, argumentou. A investida não avançou, e o português acabou no Al Nassr, da Arábia Saudita.
Centros de treinamento prolongam carreiras
As instalações modernas também pesam. Alan Pulido, eleito Jogador Ofensivo do Ano pelo Sporting KC em 2020 e Comeback Player em 2023, ficou “impressionado” ao conhecer o CT inaugurado em 2018. Heaps, que já trabalhou na Federação dos EUA, comparou: “Os complexos da MLS são de último nível; isso ajuda os atletas a jogarem bem agora e a prolongar a carreira”.

Imagem: espn.com
Nível técnico surpreende veteranos
Wilfried Zaha, do Charlotte FC, admitiu surpresa com a competitividade da liga, relato corroborado por Schuster: “O desenvolvimento da MLS nos últimos anos fez jogadores como Müller, Son Heung-Min, Messi e Emil Forsberg enxergarem o campeonato como plataforma para seguir atuando em alto nível”.
“Última peça do quebra-cabeça”
Para Schuster, a chegada de Müller só foi possível graças à evolução recente do Whitecaps, vice da Concacaf Champions Cup e atual segundo colocado do Oeste. “Dois anos atrás ele não escolheria Vancouver”, disse. Em campo, a expectativa é de que o alemão seja “a peça final” para elevar o patamar da equipe.
Com informações de ESPN