O atacante Erling Haaland iniciou a temporada 2025/26 em ritmo que o coloca à frente dos anos mais prolíficos de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Depois de oito partidas somando Premier League e Liga dos Campeões, o norueguês marcou 11 gols e, sozinho, concentra 65,5% do expected goals (xG) do Manchester City.
Produção sem precedentes
Nos seis primeiros jogos do Campeonato Inglês, Haaland registra média de 1,42 gol por 90 minutos. Apenas seis clubes — Liverpool, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Brentford e Brighton — superam essa média coletiva de gols.
Para efeito de comparação:
- Quebra do recorde da Premier League (2022/23): 1,17 gol/90;
- Média geral pelo City: 0,98 gol/90;
- Média pelo Borussia Dortmund: 1,04 gol/90;
- Semestre no Salzburg (2019/20): 1,47 gol/90, ou 1,38 excluindo pênaltis.
Considerando jogadores com pelo menos 500 minutos nas cinco principais ligas europeias desde o início dos anos 1990, apenas Messi, em 2012/13, supera o índice atual de Haaland em gols sem pênalti: 1,43 contra 1,42 por 90 minutos.
Volume e qualidade dos arremates
Haaland tenta 4,98 finalizações por jogo, com valor médio de 0,28 xG — ambas as melhores marcas de sua carreira. Entre 167 atletas que atingiram ao menos 0,25 xG por chute nas últimas oito temporadas, nenhum chega a cinco chutes por 90 minutos; o mais próximo foi Pierre-Emerick Aubameyang, com 3,0 em 2017/18.
No recorte da Premier League 2025/26, ele soma 28 finalizações (7,5 xG) e oito gols sem pênalti. O segundo colocado no campeonato tem 16 chutes, 2,8 xG e quatro gols.
Peso inédito no ataque do City
O Manchester City produziu 11,41 xG sem pênalti nos seis jogos de Premier League, maior marca do torneio. Desse total, 65,5% pertencem a Haaland — recorde desde 2009/10, superando o antigo máximo de 45,4%. O norueguês responde ainda por 37% das finalizações da equipe, contra recorde histórico anterior de 32,3%.
Comparações em outras ligas
Na Espanha, Ronaldo chegou a 39,1% dos chutes do Real Madrid em 2010/11. Apenas os seguintes casos ultrapassaram 34% de xG em uma temporada das grandes ligas desde 2009 (percentual do atleta sobre o total da equipe):

Imagem: espn.com
- Moise Kean – Fiorentina 2024/25: 46,8%
- Odion Ighalo – Watford 2015/16: 45,1%
- Edinson Cavani – Napoli 2012/13: 44,0%
- Papiss Cissé – Freiburg 2010/11: 43,3%
- Arouna Koné – Levante 2011/12: 42,9%
- Gonzalo Higuaín – Napoli 2015/16: 42,6%
- Dominic Calvert-Lewin – Everton 2020/21: 42,2%
- Anthony Modeste – Köln 2015/16: 41,8%
- Edinson Cavani – PSG 2016/17: 41,0%
- Emanuel Emegha – Strasbourg 2024/25: 40,8%
Entre equipes campeãs, o maior índice pertence a Victor Osimhen, responsável por 40,1% do xG do Napoli na Série A 2022/23. O Real Madrid de 2017/18 ergueu a Liga dos Campeões com 39,9% de seu xG concentrado em Ronaldo. Nos times de Pep Guardiola, os picos foram de Robert Lewandowski (38,7% no Bayern 2015/16) e Messi (38% no Barcelona 2010/11).
Mudança de perfil coletivo
O elevado protagonismo de Haaland coincidiu com alterações táticas do City. Desde que Guardiola chegou, o time mantinha média de 72,1% de posse no terço final do campo e permitia 10,45 passes rivais por ação defensiva (PPDA). Nesta temporada, os números caíram para 55% de posse ofensiva e 15,18 PPDA. O clube aparece atrás de sete adversários em controle territorial e de 16 em intensidade de pressão.
No aspecto individual, Haaland executa apenas 13 passes por partida — menor índice desde a chegada à Inglaterra — recebe três passes progressivos por jogo e, em seis rodadas, tentou um desarme, sem sucesso.
Resta saber se a dependência extrema no camisa 9 se manterá ao longo do calendário ou se Guardiola fará novo ajuste para distribuir a criação ofensiva.
Com informações de ESPN