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Gastos recordes e pouco entrosamento: Liverpool sofre após investir £446 milhões em sete reforços

Liverpool (ING), 21 de novembro de 2025 — O Liverpool enfrenta um início de campanha turbulento apenas meses depois de levantar o título inglês. Após aplicar £446 milhões na contratação de sete jogadores na última janela de transferências — maior cifra já registrada por um clube da Premier League em um único mercado — o time de Arne Slot soma cinco derrotas nas últimas seis partidas da liga, ocupa o oitavo lugar e vê o líder Arsenal abrir oito pontos de vantagem depois de 11 rodadas.

Mercado ambicioso

A reformulação foi impulsionada por saídas e fatores inesperados. Fontes consultadas pela ESPN relatam que os atacantes Luis Díaz e Darwin Núñez manifestaram desejo de deixar Anfield, enquanto a morte do atacante Diogo Jota alterou profundamente o planejamento. Para repor as peças, o clube investiu, entre outros nomes, £69 milhões no atacante Hugo Ekitike (Eintracht Frankfurt), £100 milhões no meio-campista Florian Wirtz (Bayer Leverkusen) e £125 milhões no centroavante Alexander Isak (Newcastle United).

Queda de intensidade

As estatísticas de pressão, marca registrada da equipe nas eras Jürgen Klopp e Arne Slot, mostram retração. O número médio de “high turnovers” — recuperações de bola no terço ofensivo — caiu de 8,1 na temporada passada para 6,9 em 2025-26, segundo a Opta. Já o PPDA (passes do adversário permitidos por ação defensiva) subiu de 10,3 para 11,0; quanto menor o índice, maior a agressividade na marcação.

Para o ex-meio-campista David Thompson, formado na base do clube, o problema vai além da qualidade técnica. “Mesmo quando as coisas não funcionam com a bola, jogar pelo Liverpool exige fechar espaços, pressionar, sprintar”, disse ele à ESPN, apontando diferença de atitude entre o novo trio ofensivo e antigos titulares como Díaz, Núñez e Jota.

Riscos de uma reforma em massa

O ex-executivo e diretor esportivo do Monaco, Tor-Kristian Karlsen, avalia que substituir várias peças de uma vez afeta a estrutura e a cultura internas. “Prever o impacto de um reforço em um time ajustado é uma coisa; prever o efeito combinado de sete, outra completamente diferente”, afirmou. Segundo ele, o estilo de Slot — pressão intensa e transições rápidas — perdeu “instinto coletivo” após tantas mudanças.

Outros exemplos da Premier League reforçam o alerta. Desde 2022, o Chelsea contratou 53 jogadores por mais de £1,5 bilhão e encarou dificuldades de entrosamento. Já o Nottingham Forest, que trouxe 21 atletas em 2022, escapou do rebaixamento por apenas quatro pontos antes de engrenar uma temporada consistente um ano depois.

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Imagem: espn.com

Quebrando o padrão do próprio clube

O montante recorde contrasta com janelas recentes do Liverpool. Após vencer a Champions em 2019, por exemplo, o jogador mais caro foi Harvey Elliott, contratado por compensação inicial de £1,5 milhão; na temporada seguinte, a equipe foi campeã da Premier League com 18 pontos de sobra.

Para o ex-zagueiro Jamie Carragher, o quebra-cabeça criado em 2025 é inédito em Anfield. “O negócio não pareceu o estilo Liverpool; pareceu o estilo Real Madrid”, afirmou à Sky Sports, ressaltando a dificuldade de alinhar em campo vários reforços de £100 milhões cada.

Arne Slot busca soluções enquanto lida com questões táticas, lesões e o luto pelo ex-companheiro Diogo Jota. A direção, por sua vez, aposta que o alto investimento renderá frutos a longo prazo, ainda que a defesa do título já corra sério risco.

Com informações de ESPN

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