De pochetes de grife que custam milhares de dólares a simples sacolas de supermercado, a “necessaire” transformou-se em item tão obrigatório quanto chuteiras e camisas nos dias de jogo da Major League Soccer (MLS). A impressão é compartilhada por nomes como Max Arfsten, atacante do Columbus Crew e da seleção dos Estados Unidos, que admite sentir-se “incompleto” sem o pequeno volume na mão.
O que vai dentro
O espaço reduzido costuma abrigar produtos de higiene pessoal. Evander, meia do FC Cincinnati, lista desodorante, pasta e escova de dentes, sabonete, perfume e hidratante como itens fixos. Há também toques de personalidade: Marco Reus, hoje no LA Galaxy, leva um perfume personalizado com seu nome em uma nécessaire da Goyard; Christian Ramírez, companheiro de time, inclui um pacote de balas em sua Louis Vuitton; Arfsten carrega um broche de “campeão da MLS Cup” no bolso interno da sua também Louis Vuitton; e Ousseni Bouda, atacante do San Jose Earthquakes, guarda fragrâncias compradas na Europa e no Marrocos em uma bolsa da Coach.
Ausência que incomoda
Levar a nécessaire é quase um ritual, sobretudo em partidas fora de casa. “Quando você não tem suas coisas, tudo parece estranho”, relata Evander sobre sua bolsa da Gucci. Bouda reforça: “Nos vestiários visitantes não há nada do que preciso”.
Roman Celentano, goleiro do Cincinnati chamado recentemente para a seleção norte-americana, foge ao padrão de luxo. Ele empacota tudo em uma sacola plástica marrom da rede Kroger. A escolha rendeu atenção do supermercado, que presenteou o atleta com um modelo de couro personalizado — hoje usado, mas sempre dentro da velha sacola. “Foi assim que cheguei até aqui. Por que mudar?”, brinca.
Parte do visual de chegada
As “tunnel fits” — fotos dos jogadores entrando nos estádios — ganharam força nas redes sociais dos clubes. Para Christian Ramírez, mochilas “quebram o visual”, enquanto a nécessaire “valoriza a roupa”. Bouda acha as mochilas “grandes demais”. Sam Surridge, atacante do Nashville SC, lembra que, na Inglaterra, atletas geralmente usam agasalhos oficiais do clube; na MLS, a liberdade de vestir a própria roupa permite exibir personalidade, complementada pela bolsa de higiene.
Sinal de que “virei profissional”
E.L. Johnson, fundador da plataforma de estilo de vida forty-one, define o acessório como “kit inicial do jogador”. Para novatos, é prova de status. Arfsten comprou sua primeira Louis Vuitton logo após assinar contrato, ainda antes de receber o primeiro salário integral, gerando piadas no elenco. Já Jansen Miller, defensor do Sporting Kansas City, economizou: pagou US$ 25 por uma réplica em Chinatown, Nova York — sem que os colegas percebessem a diferença.

Imagem: espn.com
Recompensa por conquistas
A nécessaire também marca etapas da carreira. Christian Ramírez investiu US$ 700 em uma bolsa nova após conquistar a Chuteira de Ouro na extinta NASL, item que usou por quase uma década até ganhar outro modelo de presente da esposa. Surridge carrega uma Goyard dada pela noiva em seu aniversário.
Luxo ou simplicidade, original ou réplica, o pequeno acessório continua a acompanhar jogadores da MLS dentro e fora dos gramados — e a aparecer, em destaque, nas fotos de chegada aos estádios.
Com informações de ESPN