A crescente pressão internacional para suspender Israel das competições de futebol ganhou força após a comissão de inquérito da ONU apontar que o país cometeu genocídio contra palestinos em Gaza. Fontes de federações nacionais revelam que diversos membros da UEFA defendem uma votação, possivelmente já na próxima semana, para decidir se Israel continuará ou não nos torneios do continente.
Quem decide
A deliberação cabe ao Comitê Executivo da UEFA, formado por 20 membros. Uma maioria simples de 11 votos é suficiente para aprovar qualquer medida. O grupo é presidido por Aleksander Ceferin, no cargo desde 2016, e inclui:
- 16 dirigentes eleitos pelas federações nacionais, entre eles o israelense Moshe Zuares;
- 2 representantes da Associação Europeia de Clubes (ECA) – um deles é Nasser Al-Khelaifi, presidente do Paris Saint-Germain;
- 1 representante das Ligas Europeias.
As reuniões podem ocorrer de forma emergencial e não são obrigatoriamente divulgadas. Caso a suspensão seja aprovada, entra em vigor imediatamente.
Impacto direto
Israel disputa as Eliminatórias europeias para a Copa do Mundo masculina de 2026 e é terceiro colocado no grupo que ainda conta com Itália. Um veto da UEFA barraria automaticamente a seleção do torneio, já que a entidade organiza a fase qualificatória do continente. O clube israelense Maccabi Tel Aviv, que participa da Liga Europa, também seria afetado.
Posições divergentes
Na sexta-feira (7), a Federação Turca de Futebol pediu publicamente o banimento de Israel. No mesmo dia, 48 atletas – entre eles o francês campeão mundial Paul Pogba e o meio-campista Cheick Doucouré, do Crystal Palace – assinaram carta exigindo a suspensão até que o país “cumpra o direito internacional e encerre a morte de civis” em Gaza.
Héctor Bellerín, lateral do Real Betis, questionou o tratamento diferente dado à Rússia em 2022, quando o país foi retirado de todas as competições logo após invadir a Ucrânia. Em sentido oposto, Simon Johnson, ex-dirigente da Federação Inglesa e da Jewish Leadership Council, disse que excluir Israel seria “demonizar” a comunidade judaica e não traria paz à região.

Imagem: bbc.com
FIFA terá palavra final
Depois de uma eventual decisão da UEFA, a suspensão precisaria ser ratificada pela FIFA. Em 2022, FIFA e UEFA anunciaram juntas a exclusão da Rússia quatro dias após a invasão da Ucrânia. Desta vez, porém, existe possibilidade de divergência: o Departamento de Estado dos EUA já prometeu resistir a qualquer tentativa de impedir Israel de disputar a Copa, que em 2026 terá sedes majoritariamente norte-americanas. A FIFA, presidida por Gianni Infantino, ainda não se manifestou.
Contexto do conflito
A ofensiva israelense começou depois do ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e fez 251 reféns no sul de Israel. Desde então, o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas em Gaza contabiliza ao menos 65.502 mortos em ações israelenses.
A expectativa é de que o debate avance nos próximos dias, colocando a UEFA sob intensa pressão diplomática e esportiva.
Com informações de BBC Sport