Próximos jogos

Seleção dos EUA investe em tecnologia, suplementos e protocolos rígidos para driblar o jet lag

A comissão técnica da seleção masculina dos Estados Unidos montou uma operação detalhada para minimizar os efeitos das longas viagens internacionais e garantir que os atletas estejam próximos do rendimento máximo nos amistosos de novembro contra Paraguai e Uruguai. Dos 24 convocados, 13 atravessarão o Atlântico antes de se apresentar em solo norte-americano.

Abordagem holística de recuperação

Sob o comando do técnico Mauricio Pochettino, o departamento de alto rendimento reúne preparadores físicos, fisioterapeutas, massoterapeutas, nutricionistas e analistas de desempenho. O grupo trabalha a partir de quatro pilares — “big rocks”, como define Jordan Webb, chefe de performance da U.S. Soccer: qualidade do sono, controle de estresse, nutrição e hidratação.

Todos os dados coletados são compartilhados com os clubes. “Se capturamos qualquer informação, ela fica disponível na nossa plataforma e é comunicada em detalhes”, afirmou Webb, ressaltando que a política de transparência iniciada no último ciclo da Copa do Mundo foi reforçada com a chegada de Pochettino.

Kits de voo e testes de chegada

Para encurtar o tempo de adaptação ao fuso horário, cada atleta recebe um “fly kit” que inclui cronograma de sono individualizado, máscara ocular, óculos que bloqueiam luz azul, tampões de ouvido e suplementos como melatonina, magnésio, vitaminas B e D. O defensor Tim Ream, há 12 anos atuando na Inglaterra, elogia o método: “Ele desloca o ritmo circadiano. Quem não segue pode levar até cinco dias para se ajustar”.

Quando desembarcam, os jogadores passam por um protocolo de “intake” com exames de sangue e saliva para medir fadiga e hidratação. As informações orientam a carga de treino e a montagem de um plano de recuperação personalizado, que leva em conta até o fato de alguns — como Tyler Adams e Mark McKenzie — serem pais de recém-nascidos.

Tecnologia e compressão

Equipamentos como as botas pneumáticas Normatec são usados para acelerar a circulação e “tirar o lixo das pernas”, nas palavras de Ream. A exposição à luz é outro recurso destacado pelo preparador físico e cientista do esporte Sebastiano Pochettino, filho do treinador: quem vem do oeste precisa de mais luz ao despertar; quem chega do leste deve evitá-la para não sentir sono muito cedo.

Alimentação e hidratação sob controle

Além das três refeições fornecidas pela seleção, o grupo monitora sudorese e níveis de salinidade através de sensores adesivos. O resultado define a necessidade de eletrólitos, antioxidantes, nitratos ou ferro — especialmente em jogos em altitude, como o disputado em outubro em Commerce City, Colorado.

A nutricionista Mireia Porta relata que a disputa por espaço no elenco estimula a adesão dos atletas. “Eles transformam os testes numa competição porque não querem ficar atrás”, diz. Mesmo assim, Ream admite escapadas ocasionais com pizza ou hambúrguer “sujo”.

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Imagem: espn.com

Discussões com clubes

O tema recuperação ganhou manchetes após lesões musculares de Christian Pulisic (Milan) e Malik Tillman (Bayer Leverkusen) na última Data-Fifa. O Milan questionou o uso de Pulisic, e o técnico do Crystal Palace, Oliver Glasner, criticou a utilização de Chris Richards. Pochettino respondeu: “Se há uma comissão que se preocupa com o atleta, somos nós; jamais colocamos em campo alguém com dúvida clínica”.

O primeiro assistente, Jesús Pérez, explicou a lesão de Pulisic: “Ele escorregou ao girar, tentou levantar em sprint e sentiu o posterior; foi um lance fortuito, sem relação com fadiga”. Pérez reforçou que o grupo devolve ou sequer convoca quem não estiver apto — casos de Folarin Balogun e Sergiño Dest na Gold Cup de 2025.

Massagem e apoio psicológico

Segundo o chefe de fisioterapia Donnie Fuller, a mesa de massagem serve também de espaço para conversar e aliviar tensões. “Além do benefício físico, o diálogo ajuda no componente psicológico”, aponta.

Metas simples, ganhos duradouros

Webb afirma que a comissão tenta “empurrar” os atletas gradualmente. “Selecionamos um hábito por período: dormir 30 minutos mais cedo, por exemplo.” Para Ream, a estratégia faz diferença: “Não dá para mensurar, mas certamente prolonga minha carreira; sigo jogando em alto nível aos 38”.

Com base em grandes pilares, tecnologia e dados compartilhados, a seleção norte-americana promete manter a recuperação como prioridade absoluta durante a agenda internacional.

Com informações de ESPN

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