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Retomada da Champions reacende debate: sucesso europeu compromete a Premier League?

O início da fase de grupos das competições continentais nesta semana coloca nove equipes da Inglaterra diante de um calendário apertado. Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Newcastle e Tottenham disputam a Champions League 2025-26; Aston Villa e Nottingham Forest jogam a Liga Europa; já o Crystal Palace participa da Conference League.

Mais jogos, mais troféus – ou mais desgaste?

Desde 1956, clubes ingleses conquistaram a Europa em 15 oportunidades, mas somente cinco vezes ergueram simultaneamente o título nacional. O número de partidas explica parte da dificuldade: quem chegar ao troféu continental em 2025-26 atuará pelo menos 55 vezes – 38 pela Premier League, duas em copas domésticas e entre 15 e 17 no torneio europeu, dependendo da necessidade da fase “play-off”.

Ex-zagueiro da seleção inglesa, Matt Upson defende o ritmo intenso: “Como jogador, gostava de atuar duas vezes por semana. Não ter compromissos europeus já não é suficiente para clubes desse porte”. Para ele, elencos amplos servem exatamente para lidar com o excesso de partidas.

Quando folga vira vantagem

A ausência de jogos internacionais foi decisiva no título surpreendente do Leicester City em 2015-16, temporada em que os Foxes somaram apenas 43 compromissos. Desde que quatro vagas na Champions passaram a ser fixas para a Inglaterra, em 2001-02, nove equipes conseguiram terminar entre os quatro primeiros da liga sem participação europeia; o Newcastle foi o último, em 2022-23.

Ao contrário, somente três vezes um clube combinou a conquista da Premier League e da Champions no mesmo ano: Manchester United (1998-99 e 2007-08) e Manchester City (2022-23). Na antiga Taça dos Campeões, o Liverpool alcançou o feito em 1976-77 e 1983-84.

Exemplos de desgaste recente

O Crystal Palace já soma sete partidas oficiais na temporada, incluindo a Community Shield e duas eliminatórias da Conference. Até o Natal, pode chegar a 29 jogos, ante os 18 previstos para Bournemouth, Leeds, Manchester United, Sunderland e West Ham, todos sem compromissos europeus e já eliminados da Copa da Liga.

Tottenham e Manchester United priorizaram a Liga Europa em 2024-25: os Spurs venceram a final em maio, mas terminaram a Premier League em 17º lugar, duas posições abaixo dos Red Devils. Mesmo com o primeiro título continental desde 1984, o técnico Ange Postecoglou foi demitido.

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Imagem: bbc.com

Há outras quedas de rendimento ligadas ao excesso de jogos: o Burnley, após seis confrontos preliminares da Liga Europa em 2018-19, acabou em 15º, oito colocações pior que no ano anterior. O Newcastle disputou 14 partidas europeias em 2012-13 e fechou a liga em 16º, 11 postos abaixo da campanha anterior. Houve até rebaixamentos: Blackburn Rovers (1998-99) e Ipswich Town (2001-02) caíram enquanto ainda jogavam a Copa da Uefa.

Temporada atípica em Old Trafford

Sem vaga continental pela segunda vez desde os anos 1990, o Manchester United só teve uma temporada “doméstica” em 2014-15. Após a eliminação para o Grimsby Town na segunda fase da Copa da Liga, o clube precisará chegar à decisão da Copa da Inglaterra para atingir 45 partidas e evitar o menor total de jogos da era Premier League.

Enquanto a maratona de compromissos aumenta a chance de troféus, a folga pode ser vantagem decisiva na corrida pelo título inglês – um dilema que volta a ganhar força com o apito inicial das competições europeias.

Com informações de BBC Sport

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