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Transferências de estrelas da seleção feminina dos EUA para a Europa geram apreensão na NWSL

A ida da atacante Alyssa Thompson, de 20 anos, do Angel City FC para o Chelsea, selada por US$ 1,4 milhão em setembro, reacendeu o debate sobre a saída de nomes de peso da National Women’s Soccer League (NWSL) rumo a clubes europeus. Pouco antes, em novembro, a zagueira Naomi Girma trocara o San Diego Wave FC pelo mesmo Chelsea na primeira transferência feminina de US$ 1 milhão.

A movimentação levou a técnica da seleção feminina dos Estados Unidos, Emma Hayes, a comparecer no mês passado a uma reunião do conselho de proprietários da NWSL, em Nova York. Segundo várias fontes, Hayes afirmou aos dirigentes que as jogadoras “lutaram pela liberdade de escolher onde atuar” e que não pretende influenciar decisões individuais.

O que mudou para as atletas norte-americanas

Dois fatores explicam o aumento de saídas:

  • O acordo coletivo assinado em 2022 aboliu os contratos federativos bancados pela U.S. Soccer e implantou a agência livre total na NWSL, permitindo que as atletas negociem livremente com clubes do exterior.
  • Clubes europeus passaram a investir somas inéditas: todas as seis transferências acima de US$ 1 milhão no futebol feminino ocorreram em 2025, envolvendo equipes da Europa ou da própria NWSL.

Com o novo modelo, jogadoras da seleção são remuneradas apenas pelas convocações e aparições pelo time nacional, sem vínculo compulsório com times dos EUA. “Meu papel é ouvir, apoiar e orientar. Cada uma tem necessidades diferentes”, disse Hayes em coletiva recente, explicando o processo que resultou na saída de Thompson.

Histórico de idas e vindas

A procura por desafios na Europa não é novidade. Megan Rapinoe atuou no Lyon em 2013; Alex Morgan seguiu o mesmo caminho em 2017. Rose Lavelle e Sam Mewis defenderam o Manchester City após o Mundial de 2019. Em 2012, Lindsey Heaps abriu mão do futebol universitário para jogar no Paris Saint-Germain. A tendência costuma se intensificar nos anos imediatamente posteriores a Copas do Mundo ou Jogos Olímpicos.

Por que a Europa atrai

A possibilidade de disputar a UEFA Women’s Champions League e vivenciar novas culturas pesa nas escolhas. Emily Fox, por exemplo, deixou a NWSL em 2024 para defender o Arsenal e, no ano seguinte, foi peça importante na campanha do título europeu do clube londrino. Já Jenna Nighswonger, campeã olímpica, encontra dificuldades para jogar com regularidade no mesmo Arsenal, e Crystal Dunn ainda não se firmou no Paris Saint-Germain.

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Imagem: espn.com

O dilema do teto salarial

A NWSL trabalha com um teto de US$ 3,3 milhões em 2025 — valor que chegará a US$ 5,1 milhões apenas em 2030. A fase de transição da “allocation money”, mecanismo que permitia gastos acima do limite, gera preocupação. Um gerente-geral, sob anonimato, disse temer “efeito dominó” na próxima janela; Trinity Rodman, principal nome de Washington Spirit e da própria liga, ficará sem contrato ao fim da temporada.

Alguns executivos defendem a criação de uma regra semelhante ao “jogador designado” da MLS para remunerar estrelas fora do teto, mas não há sinal de mudança a curto prazo. A comissária Jessica Berman argumenta que é possível manter a NWSL como “melhor liga do mundo” dentro do atual modelo de negócios, que envolve parceiros-proprietários.

Enquanto a discussão sobre limites financeiros prossegue, Hayes resume sua posição: “Queremos o USWNT no topo. Para isso, as jogadoras precisam estar nos melhores ambientes — onde quer que seja”.

Com informações de ESPN

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